ASSOCIAÇÃO DE PROTECÇÃO E CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE – APCA
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NOTA DE IMPRENSA
Quem salva os seculares moinhos de Afife?
O aproveitamento secular da energia motriz do rio de Afife, verdadeiro motor da economia local, teve o seu apogeu na década de cinquenta, do século passado, com o funcionamento de montante para jusante, de três azenhas copeiras, cinco engenhos de serrar madeira, vinte e oito moinhos de rodízio e, ainda, as ruínas do moinho Velho do Fial e de umas paredes em granito, em pleno sistema dunar, atribuídas também a um antigo moinho. Salienta-se que alguns destes moinhos, serão porventura dos mais antigos do país, dado encontrarem-se descritos numa relação de bens do Mosteiro de S. João de Cabanas de meados do século XVI. Aliás, recentemente o investigador Brochado de Almeida através de outras fontes documentais salienta também a antiguidade de alguns dos moinhos de Afife, aludindo em concreto aos moinhos do Loureiro.
Relembra-se que em meados da década de oitenta do século passado o Vereador da Cultura Carlos Baptista e posteriormente Maurício de Sousa deram corpo a um trabalho de recuperação de alguns destes moinhos em articulação com o Ministério da Cultura, todavia esse esforço louvável perdeu-se. Nos últimos 16 anos este conjunto patrimonial chegou ao estado que se pode ver “in locum” quando percorremos as margens do rio de Afife. Apesar do estado de degradação e da destruição de alguns dos exemplares ao ser autorizada a sua conversão em vivendas, como aconteceu com o inesquecível engenho do Maneta, pensamos que ainda é possível salvar alguns dos exemplares mais representativos, enquanto elementos configuradores de uma memória colectiva que alguns teimosamente procuram apagar
A Direcção da APCA
Afife, 27 de Setembro de 2009
A Associação de Protecção e Conservação do Ambiente – APCA, vem por este meio alertar para o estado calamitoso em que se encontra um conjunto ímpar de valores patrimoniais da arqueologia industrial da região, com reconhecido valor nacional, na freguesia de Afife, concelho e distrito de Viana do Castelo. Estamos a referir-nos a um conjunto extraordinário de moinhos, azenhas e engenhos de serrar madeira que na bacia hidrográfica, isto é, nas margens do rio de Afife ou de Cabanas e seus afluentes, durante séculos animaram a economia local e regional associada a uma verdadeira agricultura biológica e aos ciclos do pão e do linho, suportada nos fertilizantes sargaço e mato (estrume). Salienta-se que estes valores patrimoniais inseriam-se numa cadeia agrícola fascinante, porventura única, a que aparece associada uma prática agrícola biológica, secular, transmitida de geração em geração e curiosamente base de um real desenvolvimento sustentável, com que muito temos a apreender nesta era tecnológica. É pois neste contexto que é lamentável constatar-se a atitude de desleixo de quem tem a obrigação de proteger, estimular e incentivar a salvaguarda destes bens, apesar de arvorar-se arauto da protecção destes valores patrimoniais.