CANTAR DOS REIS EM AFIFE, DEU LUGAR ÁS JANEIRAS.
O Cantar os Reis em Afife, era tradição antiga, que acontecia nas noites que antecediam a de Reis, em que as pessoas se agrupavam, faziam um ensaio da musica e a letra a apresentar e lá se faziam ao caminho para desejar um bom ano às pessoas que os atendiam. Normalmente eram os instrumentos de corda e harmónicas, aqueles que se utilizavam, para as cantorias. Em tempo a letra era sempre diferente e era o Manuel Neiva, quem sempre de boa vontade a fazia, muitas vezes com dificuldade, já que só o avisavam em cima da hora. Assim lá eram escritas as letras que seriam adaptadas à musica, que por vezes era o "pastor" e das quais constava sempre o agradecer e a recusa. A primeira no entanto era sempre a que chamava a atenção do dono da casa e em que sempre contava o desejar de um bom ano, depois e quando eram atendidos, tocavam o agradecer, que era uma maneira de agradecer a cantar às pessoas as dádivas, que em tempos eram os chouriços, que muitas vezes eram retirados na altura do alto da chaminé, mas depois com o evoluir dos tempos, passou a ser o dinheiro, aquilo que as pessoas oferecem. A recusa, é tocada sempre que alguém não quer atender o grupo, esta, tem uma letra um pouco mais agressiva, demonstrando assim que o grupo não gostou da atitude então tomada. Havia muitos que após atenderem o grupo, pediam para que este cantasse a recusa, só para ficarem a conhecer. Esta tradição antigamente e numa altura que se realizava sempre na noite de 5 para 6 de Janeiro, finalizava no restaurante Mariana, às tantas da madrugada, pois era aqui que o grupo se reunia no final de dar a volta à freguesia e comia-se lá as batatas com o bacalhau, que a senhora Mariana preparava. A verba que sobrava, depois de serem pagas as respectivas despesas, era destinada a alguma instituição da freguesia, muitas vezes era mesmo para a cantina escolar. Mais tarde o grupo alargou os Reis para dois dias e havia sempre um jantar no restaurante Mariana passados sensivelmente oito dias, onde era feito o baptismo ao mais novo do grupo, porque todos os anos entrava sempre alguém de novo, mesmo que não houvessem saídas. Este grupo era constituído por homens e solteiros. No jantar, era feito o baptismo do mais novo, em que este se sentava numa cadeira a meio do restaurante, com uma toalha pelo pescoço e o mais velho do grupo, com uma garrafa de champanhe, ensopava-lhe a cabeça com o espumante branco, que era nem mais nem menos, que um autentico banho.
Agora e ultimamente, tem sido os elementos dos grupos corais da Igreja Paroquial de Afife, que tem andado a cantar as Janeiras, numa forma de angariação de fundos para fazer face a despesas com as obras efectuadas no edifício paroquial e assim vão mantendo a tradição, que embora não sejam os Reis, tem a mesma finalidade.
26 de Dezembro de 2009
Afife Noticias Informação…