SARRAÇÃO DA VELHA, SAIU À RUA.
Tal como tem sido habitual a meio da Quaresma, Afife vive a tradicional “SARRAÇÃO DA VELHA” e desta vez a velha chegou a arder duas vezes, já que ao acender as velas para a iluminação interior do boneco à saída, estas pegaram fogo ao papel e lá teve o andor que ser colocado na rua, não fosse o diabo tece-las.
Tudo aconteceu quando já algumas pessoas no espaço frontal ao edifício da Junta tocavam triquelitraque, à espera da saída da velha para incorporarem o cortejo, mas logo a organização, do NAIAA, recolheu de novo o andor e foi colocado novo papel e lá se compuseram as coisas para o cortejo.
A organização desta tradição, esteve uma vez mais a cargo do NAIAA e do Centro de Dia de Afife, que como tem sido habitual, são os seus utentes quem fazem o boneco da Velha, sendo esta uma maneira da sua ocupação, bem como serve para estes recordarem os seus tempos em que mais activamente participavam naquela que é a mais antiga e a mais importante tradição de Afife, dado a sua originalidade.
Mesmo com o frio que se fazia sentir, foram muitos aqueles que com o seu triquelitraque acompanharam a volta da velha, que agora é reduzida em relação ao habitual, pois só vai ao Casino e regressa para o Cruzeiro onde é efectuada a leitura do testamento, seguindo-se a queima.
Este ano foi feito um documentário da SARRAÇÂO, por parte de uma equipa do Museu Municipal, trabalho este que está a ser feito sobre o Minho, com a captação de imagem e som da tradição Afifense.
Foram muitos aqueles que se juntaram à SARRAÇÂO DA VELHA, a partir do Casino, já que muitos esperam sempre pela velha e depois incorporam o cortejo com os seus triquelitraques até ao Cruzeiro.
Lamentável é que pelo percurso, algumas pessoas tentem destruir o boneco, arremessando terrões, situação esta que nada tem a ver com a tradição e que ultimamente se começa a verificar.
O cortejo chegou ao Lugar do Cruzeiro com a Velha já em estado degradado de tantos terrões lhe terem caido em cima, foi colocada em cima da Mesa de Pedra e aqui já eram muitos os presentes que com os seus triquelitraques, não se cansaram de tocar a Marcha, o Esgalha e o Sarra.
O Edmar e o Luis São João, que nunca faltam a estas iniciativas, com os seus triquelitraques, fartaram-se de tocar ma moite fria.
Depois foi o meter o triquelitraque ao saco e ao contrário daquilo que acontecia antigamente, já não é colocado a meio da chaminé, porque agora as casas já não as tem com as lareiras para fazer fumo.
O Domingos Fontainhas, que nunca falha com o seu triquelitraque, até porque no tempo da sua juventude a velha foi varias vezes feita em sua casa.
O testamento que foi inserido na tradição por volta dos anos 70, é sempre motivo esperado dado a critica que se faz a algumas situações vividas na freguesia e acima de tudo à juventude e mesmo às entidades locais e mio associativo, critica esta pensada a que todos aceitam.
Depois de lido o testamento e para descontrair das criticas mensionadas, é altura de se proceder ao auto de fé e assim lá vai fogo à peça, ou quem diz, fogo na velha, que antigamente era queimada com a ajuda de dois molhos de palha de centeio, agora e como os tempos evoluiram, utiliza-se gasolina 98, já que é mais ecologica e tem maior poder de fogo.
A partir daqui, foi o tocar triquelitraque até faltarem as forças e foi gente de todas as idades a contribuir para o final de noite mais barulhento do ano no Lugar do Cruzeiro.
Aqui o Justino e o Antonio, já que não havia Velha em Gateira, tiveram que acompanhar a de Afife, mas são sempre elementos que participam e contribuem para a continuidade da tradição.
Aqui o Antonio, o Tone do Feliz, o Daniel, o Justino e o Paulo da Bina, ensaiam mais em Esgalha enquanto a Velha se preparava para arder.
Agora para o ano há mais, mas os triquelitraques, certamente que voltarão a tocar, caso venham a ser convidados para as festas da Agonia, ou para as da Senhora da Bonança.
13 de Março de 2010
Afife Noticias Informação