ESTE ANO, HOUVE ROUBALHEIRA DO S. JOÃO.
Este ano em Afife, verificou-se a roubalheira do S. João e muito terá contribuído para tal a realização do arraial popular que o Casino Afifense organizou na véspera do dia do segundo, dos Santos mais populares. A roubalheira do S. João e S. Pedro, tiveram os seus pontos altos na altura em que na freguesia a principal fonte de trabalho, era a agricultura e marcaram uma época, com inúmeras peripécias à mistura. Na altura o frequente era o de os rapazes irem roubar o carro das vacas, ou outros apetrechos agrícolas, às casas onde havia raparigas solteiras, para depois os colocarem no largo do Casino, o que obrigava no dia seguinte as pessoas, depois de darem falta destes, a levarem as vacas para trazerem de volta a casa as suas pertenças. Havia quem ficasse a noite inteira a tomar conta do carro, mas por vezes o sono era mais forte e essa vigilância acabava por falhar e lá se ia o carro, às tantas da madrugada. Depois e como começava a ser difícil a roubalheira dos carros, já eram os vasos das flores e outros apetrechos agrícolas a serem levados, mas havia sempre o cuidado especial em não estragar nada. O S. Pedro tinha a mesma característica, acrescida com a roubalheira de caniços de propriedades onde se cultivava a terra. Esta tradição na última década veio a perder-se, já que a agricultura foi acabado, já que as pessoas mais idosas abandonaram estas lides e os mais novos não estão virados para estas coisas e assim a tradição acalmou por falta de mão-de-obra, como se aplica na gíria popular, no entanto sempre havia aqueles que tentavam manter a tradição e lá roubavam algum vaso que estava desprevenido. O ano passado, a tradição parou, já que nada foi parar ao largo do Casino. Este ano, a tradição voltou a verificar-se e a roubalheira ainda rendeu, mão para o largo do Casino, pois este estava ocupado com as mesas do arraial que ali se realizara e por tal foi enfeitada a Capela da Senhora da Nazaré, com vasos, mangueiras, uma cadeira, um guarda-sol e umas quantas enxadas e ancinhos, que por lá se encontram há três dias, sem que os donos os tivessem ido recolher. A roubalheira do S. João, é uma tradição em vias de extinção, até porque estava relacionada com o meio agrícola local, que em Afife foi chão que deu apenas uvas para a subsistência de cada família, que tinha a sua leira e da qual colhia aquilo que servia para a sua alimentação ao longo do ano e nada mais.26 de Junho de 2010
Afife Noticias Informação