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ORFEÃO DE VILA PRAIA DE ÂNCORA RECRIA DESFOLHADA À MODA ANTIGA   

A Praça da República em Vila Praia de Âncora transformou-se numa eira, no passado dia 5 de Outubro, para acolher uma desfolhada tradicional, por iniciativa do Orfeão de Vila Praia de Âncora. A reconstituição deste trabalho agrícola teve como  principal intuito  manter e divulgar uma das tradições minhotas mais importantes, que são a desfolhada do milho, acompanhada pela música tradicional das concertinas. Contou com a participação dos orfeonistas vestidos a rigor com trajes típicos da tarefa, e de centenas de pessoas oriundas de toda a Vila e de várias freguesias do Vale do Âncora. Foi bonito ver pessoas de todas as idades  a participar neste evento,  os mais velhos revivendo e recordando os serões de antigamente, e os mais novos aprendendo a desfolhar e a malhar o milho, com se fazia em tempos idos.

A jornada iniciou-se logo pela manhã, com o corte das canas no campo de milho pelas foices nas mãos mais experientes, ao que se seguiu o carregamento do carro de vacas, que teve a ajuda preciosa do Carlos Alberto da Célia. Entretanto, a Praça ia-se a pouco  e pouco transformando numa Quinta de lavoura, onde foram colocados os espigueiros ao lado da eira, vários utensílios agrícolas relacionados com a cultura do milho e onde nem faltou o galinheiro. Ao lado foi montada uma tasquinha regional, onde não faltaram as iguarias da época, tais como o bacalhau frito, pataniscas, bifanas, Broa de milho, caldo verde e arroz doce, tudo regado com o vinho tinto da região. Também não faltou o café de cafeteira e a aguardente com mel.

Pelas 16 horas, com estava previsto, saiu o cortejo do lugar da Lomba, em direcção à Praça da República, transportando o milho em carro de vacas,  pertença da D. Maria Adelaide, sabiamente conduzido pelas mãos da Sra. Maria do Solheiro e da sua filha, proprietárias dos animais, seguido dos figurantes para a desfolhada e ao som das concertinas. Chegados ao local, o carro de milho foi colocado no meio da Praça onde permaneceu  aguardando o início da desfolhada.  Durante a tarde houve música tradicional e cantigas ao desafio, acompanhadas pelas concertinas, cavaquinho e ferrinhos, enquanto na tasquinha se iam provando os petiscos tradicionais.

Chegou finalmente a hora da desfolhada, de noite, à hora do serão, como era tradição. Todos os figurantes entraram na eira, distribuindo-se pelos vários recantos da “Quinta”. Os homens começaram por virar o milho, que imediatamente começou a ser desfolhado por mãos hábeis de homens e mulheres que mais parecia  terem  feito este trabalho toda a vida. De vez em quando ouviam-se gritos de alegria, que correspondiam ao aparecimento de espiga vermelha, o “milho-rei”, ao que se seguiam abraços e beijos para toda a gente. Outros iam enchendo  os cestos de espigas, carregando-os até ao espigueiro, onde eram encasteladas de modo a poderem secar.  Eram depois colocadas no chão da eira, onde se procedia à malhada. O milho era então limpo de impurezas na tarara e ensacado para armazenagem. Ao mesmo tempo eram feitas as copas de palha, que serviram depois para fazer a meda, onde ficaram a secar. 

A desfolhada foi uma autêntica festa, acompanhada por cantares e músicas tradicionais, seguida de baile ao som das concertinas.

Queremos fazer um agradecimento público ao Carlos Castro, pois foi graças à sua preciosa ajuda que conseguimos decorar a Praça da República com os utensílos da sua colecção particular. Agradecemos também a cedência dos espigueiros e casinha da eira à Viana Festas, à D. Maria Adelaide e Sra. Maria do Solheiro pelo empréstimo do carro de vacas e do gado, ao Paulo Bouças pela iluminação e pelo som, e à Câmara de Caminha por todo o apoio que nos deu. Não podemos esquecer um agradecimento muito especial pela cedência de todo o milho por parte do Silvestre e da Teresa Alves. Só com o trabalho e a colaboração de todos foi possível reviver uma das mais características tradições do Minho, que esperamos poder repetir no futuro.

Elias Presa

Fotografias de Cristina Presa e Margarida Palhares

 

 

 

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